Sunday, December 19, 2010

Saverin curtiu isto: criar empresas

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Eduardo Saverin, de 28 anos, ficou bilionário depois de ganhar na justiça 5% da participação pela rede social Facebook, que ele ajudou o americano Mark Zuckerberg a criar. A história dos dois ficou mundialmente conhecida depois do filme A rede social, dirigido por David Fincher, que já foi indicado em seis categorias no Globo de Ouro. O roteiro é baseado no livroBilionários por Acidente: a criação do Facebook, um conto de sexo, dinheiro, ganância e traição, de Ben Mezrich. Para escrevê-lo, o autor contou com a ajuda de Saverin. Zuckerberg se recusou a colaborar. O resultado é um história favorável ao brasileiro, retratado como um jovem ambicioso, mas ingênuo a ponto de ser afastado da empresa que ajudou a criar. Zuckerberg faz o papel do gênio que não sabe lidar – e nem se preocupa – com questões financeiras. Mas que é capaz de afastar o amigo Saverin por achar que ele não merecia mais fazer parte do Facebook.
Injustiçado ou não, Saverin não saiu como vítima. A atual participação dele no Facebook - conseguida depois de um processo judicial – lhe rendeu mais de U$ 1 bilhão em ações. Com muito dinheiro e, aparentemente, algum talento para os negócios, ele se envolveu em pelo menos outros três projetos em cinco anos. Ele evita dar entrevistas e falar em público. Depois de lançado o filme, ele permitiu que suasimpressões e reflexões fossem publicadas no site da emissora de TV especializada em negócios CNBC. “Os Estados Unidos e sua força em inovação tecnológica têm se beneficiado por décadas de uma sociedade que encoraja o empreendedorismo e a criatividade”, afirmou ele num trecho do texto.
A rede social Facebook (originalmente “thefacebook”) foi criada por Zuckerberg com a ajuda de Saverin, em 2004. O brasileiro fez o primeiro investimento no negócio – na época, U$ 1 mil. Sua função era cuidar das finanças enquanto Zuckerberg se encarregava das questões tecnológicas. Em junho de 2004, enquanto Zuckerberg se mudava para Palo Alto, na Califórnia, para se dedicar ao Facebook, Saverin continou estudando em Harvard. Fez um estágio no banco Lehman Brothers, em Nova York. A relação deles foi abalada pela distância e por divergências. Politicamente, porém, Saverin reconheceu em público a influência do ex-amigo. “Hoje, o Facebook afeta o mundo de muito mais formas do que o imaginado inicialmente em Harvard. Mark Zuckerberg desenvolveu com sucesso um mundo inteiramente novo para as interações do dia a dia”, escreveu ele em outubro.
A cortesia não significa que a disputa entre os dois tenha sido superficial. Em fevereiro de 2005, Saverin lançou uma rede social para busca de emprego chamada Joboozle. Três de seus sócios eram de Harvard e dois de outras universidades. Zuckerberg teria ficado indignado com o amigo por causa do projeto. Em uma suposta troca de mensagens instantâneas, divulgada pelo site Business Insider, Zuckerberg teria dito a Saverin:
“Você desenvolveu o Joboozle sabendo que em algum ponto o Facebook ia ter algo relacionado a empregos. Isso é muito surpreendente para nós, porque você basicamente fez algo que vai acabar competindo com o Facebook e isso é muito ruim. Mas colocar anúncios do site no Facebook sem pagar nada, isso é maldoso.”
Há outra mensagem, que teria sido escrita por Zuckerberg para o colega de quarto e sócio no Facebook Dustin Moskovitz. Ele reafirmava sua decisão de afastar Saverin dos negócios, o que aconteceu defitivamente em 2005.
“Ele estava se lixando... ele deveria estar preocupado em criar a empresa, conseguir financiamento e montar o modelo de negócios. Ele falhou nos três... agora que eu não vou mais voltar para Harvard, eu não preciso me preocupar em ser espancado por bandidos brasileiros.”
Há rumores de que Zuckerberg e os colegas de Harvard achavam que Saverin fazia parte de uma espécie de máfia no Brasil.
Em 2008, já afastado do Facebook e depois de ter processado a companhia, Saverin lançou um novo projeto, a rede social Care Place, que estava em gestação desde 2006. Em 2009, com os amigos Solimine e Benjamin Wei, também formado em Harvard também, registrou uma nova empresa: a Anideo, que desenvolve software para empresas de internet, principalmente redes sociais. O objetivo do novo negócio é o que executivos brasileiros, numa tradução ruim, chamam de “monetizar”(*). Em bom português, inventar jeitos de ganhar dinheiro com um negócio que apenas começa a ser explorado.

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(*) Mometizar, segundo o dicionário Aurélio, é um verbo transitivo que significa: Transformar em moeda, em dinheiro (bens imóveis, metais preciosos, títulos públicos ou privados etc.). Essa palavra (não estou entrando no mérito da tradução) encontra-se devidamente registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da ABL. (Texto muito interessante sobre xenofobia linguística e sobre a origem do termo monetizar.

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Fonte: Época

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