2009 foi um ano marcante para o empreendedor brasileiro – foi um ano de grande amadurecimento da cultura empreendedora e da infra-estrutura empreendedora. Por isso resolvi fechar o ano com esse post para identificar os maiores acontecimentos do ano e o impacto que tiveram. Para isso decidi fazer uma pequena enquete com 12 grandes participantes do mundo empreendedor brasileiros e tirei algumas conclusões com base nas respostas. Esse post é o primeiro de dois – no próximo post vamos analisar quais as tendencias que definirão a inovação em 2010 e apresentar algumas empresas inovadoras para as quais devemos ficar de olho em 2010.
Identificamos 3 fatores principais no sucesso de 2009: (1) A venda do Buscapé, (2) aumento da disponibilidade de recursos de conhecimento e financeiros, e (3) a percepção internacional favorável ao Brasil e nossa economia. Esses 3 fatores resultaram no crescimento da cultura empreendedora, da definição de um modelo de sucesso para novos empreendimentos, e do incremento da disponibilidade de capital para inversões por investidores sofisticados.
A venda do Buscapé para a Naspers por $342 milhões de dolares foi disparado o maior evento de 2009. Todos os participantes o destacaram como o evento mais marcante de 2009, por diversas razões. O sucesso financeirofoi citado por ambos investidores (Eric Acher da Monashees e Simon Olson da FIR Capital) e empreendedores (Marcos Tanaka da boo-box e Gustavo Caetano daSamba Tech). A venda de uma grande empresa brasileira de internet (a 27ª maior do ano mundialmente – de acordo com a TechCrunch), não só deverá ajudar a incentivar um crescimento do capital de risco para empreendimentos de internet mas também deverá mostrar a empreendedores “que um grupo de estudantes recém formados pode construir em 10 anos uma grande empresa”, como disse Eric Acher. Eu também concordo que a Buscapé ajudou a definir o modelo de um empreendimento bem sucedido – uma empresa criada por empreendedores com fundação tecnológica, jovens que se mostraram capazes de fazer a empresa crescer na base da raça e da humildade, e com investimento de capital de risco de investidores pacientes.
2009 também foi também o ano em que “recursos de conhecimento” como fontes de informação (Startupi, Read Write Web Brasil) e eventos (CampusParty,ResultsON) se uniram a recursos de apoio do governo (muitas vezes em parceria com o setor privado – PRIME da FINEP e Criatec + BNDES) para criar uma infra-estrutura de suporte a empreendedores. Esses veículos ajudaram a “democratizar a informação para os empreendedores digitais,” como disse Diego Gomes da Read Write Web Brasil, e formar a base de uma nova cultura empreendedora. Essa cultura estimula novos empreendedores a largarem seus empregos seguros e correrem atrás dos seus sonhos, e os equipa com a informação, conhecimento, e o financiamento necessarios para criar grandes empresas inovadoras. Diego Remus da Startupi destacou a Semana Global do Empreendedorismo como “botando o empreendedorismo em pauta” e Juliano Spyernos lembrou de como a Campus Party gerou uma grande transferência de conhecimento (por exemplo o seu livro, criado lá) e onde a cultura de “bootstrapping” gerou o migre.me.
Se o crescimento da cultura empreendedora alicerçou a base para o futuro, a venda do Buscapé foi o catalizador que finalmente validou esse novo modelo em que muitos acreditamos por anos e lançou uma nova era de empreendedorismo no Brasil da forma que o IPO da Netscape lançou a web 1.0 nos EUA. Tudo isso foi possivel devido a uma situação economica favorável no Brasil – uma “crise mais branda” como disse o Millor Machado (Empreendemia) e a “eleição do Brasil como queridinho mundial,” destacada pelo Gustavo Junqueira(Criatec e Inseed Investimentos) que nos lembrou da seleção do Brasil como sede futura da Copa e das Olimpíadas no Rio.
O que achei bastante interessante nas entrevistas que fiz, foi como a perspectiva dos entrevistados foi bastante consistente entre os empreendedores, investidores, e comentaristas que entrevistei. A ênfase na importância da cultura empreendedora foi um pouco mais forte com os comentaristas, mas não esquecida pelos outros. Os empreendedores foram os que mais ressaltaram o crescimento de capital de investimento, enquanto os investidores viram sucessos financeiros mais em termos dos modelos de sucesso que ajudaram a definir e ao aval que deu à cultura empreendedora nacional.
Sendo um grande fã de visualizações de informação, criei o seguinte grafico para ilustrar os resultados da nossa pesquisa. Os circulos verdes são os fatores que criaram as mudanças enquanto os quadrados amarelos significam os efeitos que tiveram cada círculo. O tamanho de cada item significa sua importância, determinada pelo numero de vezes que foi citado pelos entrevistados. A largura das linhas os conectando e a proximidade entre os itens indica a força entre cada causa e seus efeitos.
Agradeço a todos que participaram dessa enquete – Eric Acher (Monashees), Gustavo Caetano (Samba Tech), Amit Garg (ex-Google), Diego Gomes (Read Write Web Brasil), Gustavo Junqueira (Criatec, Inseed), Millor Machado (Empreendemia),Simon Olson (FIR Capital), Diego Remus (Startupi), Eduardo Rocha (O Curioso),Eric Santos (Manual da Startup, Praesto), Juliano Spyer (Não Zero), e Marcos Tanaka (boo-box).
Fonte: Acelerando a Inovação
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